Existem perguntas que volta e
meia retornam à mente. Quantas
cenas como esta, da foto abaixo, precisarão se repetir para que algo seja
feito?
A foto foi registrada pelo colega Lula Castello Branco, em uma viagem
nossa para
fazer uma matéria. Ao pegarmos a estrada, mas ainda aqui mesmo em
Maceió, antes
de nos depararmos com a longa jornada que tínhamos pela frente,
vimos a
cena.
O colega, com seu aparelho
de trabalho, a câmera fotográfica,
em mãos, de pronto fez a imagem. Durante alguns segundo o carro em que
estávamos permaneceu parado ao lado do menino que estava deitado em um
pedaço
de madeira, desprotegido... Uma criança.
Meu pensamento vagou por
inúmeras situações que pudessem tentar
fazer com que eu entendesse melhor a cena, quero dizer, o porquê de ela
ter
existido/existir. Não é um fato isolado, não um único menino só, são
muitos meninos
e meninas espalhadas por este mundo afora e que se encontram
desamparadas, sem
um teto, sem uma família, sem afeto, sem carinho, sem comida.
Ele(s) não deveria(m) estar
ali. Não é o seu lugar. É tão propagada
a ideia de que o lugar de criança é na escola, mas porque esta e muitas
outras
estão nas ruas? Perguntas que sempre me faço quando vejo muitas deles
entrarem
nos ônibus para “trabalhar” vendendo doces e que é feita novamente
quando me
deparo com situações como esta.
A expressão no rosto do
pobre menino, digo pobre não somente
de condições financeiras, revela que ele é pobre de tudo o que é necessário para se
viver
bem, que vai muito mais além que dinheiro no bolso. Falo de respeito, de
carinho, de atenção, de amor, de cuidado...
Seguimos viagem e durante
todo o caminho minha mente se
dividia entre a pauta que íamos cobrir e a imagem que ficou na minha
cabeça.
Quantas crianças, não estavam naquele momento (eram sete horas da manhã)
acordando de um sono bem dormido, prontos para um café da manhã
reforçado, que
iam sair de casa para a escola, quantas?
Mas quantas também não
estavam na mesma situação que o
pequeno: sem uma cama, sem um lençol, sem um banho, sem um café, sem um
lar,
sem uma família? Os motivos que levam a cenas como estas são muitos... É
triste
saber que muito pouco se faz para mudar. Se algo está sendo mudado
não parece.
O efeito ainda não surtiu.
É triste constatar, mas
muitas crianças ainda têm suas infâncias
roubadas. A melhor época da vida, da pouca responsabilidade, do brincar,
do
viver sem muitos, ou quase nenhum, problema está sendo furtada dos
nossos
pequenos...
Foto: Lula Castello Branco |
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