quarta-feira, 24 de outubro de 2012

Infância Roubada..

Existem perguntas que volta e meia retornam à mente. Quantas cenas como esta, da foto abaixo, precisarão se repetir para que algo seja feito? A foto foi registrada pelo colega Lula Castello Branco, em uma viagem nossa para fazer uma matéria. Ao pegarmos a estrada, mas ainda aqui mesmo em Maceió, antes de nos depararmos com a longa jornada que tínhamos pela frente, vimos a cena.

O colega, com seu aparelho de trabalho, a câmera fotográfica, em mãos, de pronto fez a imagem. Durante alguns segundo o carro em que estávamos permaneceu parado ao lado do menino que estava deitado em um pedaço de madeira, desprotegido... Uma criança. 

Meu pensamento vagou por inúmeras situações que pudessem tentar fazer com que eu entendesse melhor a cena, quero dizer, o porquê de ela ter existido/existir. Não é um fato isolado, não um único menino só, são muitos meninos e meninas espalhadas por este mundo afora e que se encontram desamparadas, sem um teto, sem uma família, sem afeto, sem carinho, sem comida. 

Ele(s) não deveria(m) estar ali. Não é o seu lugar. É tão propagada a ideia de que o lugar de criança é na escola, mas porque esta e muitas outras estão nas ruas? Perguntas que sempre me faço quando vejo muitas deles entrarem nos ônibus para “trabalhar” vendendo doces e que é feita novamente quando me deparo com situações como esta.

A expressão no rosto do pobre menino, digo pobre não somente de condições financeiras, revela que ele é pobre de tudo o que é necessário para se viver bem, que vai muito mais além que dinheiro no bolso. Falo de respeito, de carinho, de atenção, de amor, de cuidado... 

Seguimos viagem e durante todo o caminho minha mente se dividia entre a pauta que íamos cobrir e a imagem que ficou na minha cabeça. Quantas crianças, não estavam naquele momento (eram sete horas da manhã) acordando de um sono bem dormido, prontos para um café da manhã reforçado, que iam sair de casa para a escola, quantas? 

Mas quantas também não estavam na mesma situação que o pequeno: sem uma cama, sem um lençol, sem um banho, sem um café, sem um lar, sem uma família? Os motivos que levam a cenas como estas são muitos... É triste saber que muito pouco se faz para mudar. Se algo está sendo mudado não parece. O efeito ainda não surtiu. 

É triste constatar, mas muitas crianças ainda têm suas infâncias roubadas. A melhor época da vida, da pouca responsabilidade, do brincar, do viver sem muitos, ou quase nenhum, problema está sendo furtada dos nossos pequenos... 

Foto: Lula Castello Branco



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terça-feira, 2 de outubro de 2012

Mais um número?


Trabalhar com o jornalismo nos provoca sensações dos mais variados tipos. Agora no estágio, diariamente, sou bombardeado por uma gama de informações que chegam à redação do jornal onde estou aprendendo como, de fato, exercer minha futura profissão. É entre computadores e mesas, jornais espalhados, sites na internet, entrevistas e telefonemas que o movimento na redação vai criando força ao longo do dia. As notícias chegam a todo o momento. Algumas boas, outras nem tanto, mas as que mexem mesmo são aquelas que você não queria receber, nem muito menos ter a necessidade de divulgar.  

Há 19 dias ficamos sabendo que uma garotinha de apenas oito anos, cujo nome era Sibele Ferreira dos Santos, havia desaparecido da frente de sua casa, na periferia da cidade do Pilar. A menina brincava com umas amigas e sumiu misteriosamente. Ninguém viu, ninguém soube informar o motivo do desaparecimento. Diversas hipóteses foram levantadas. Teria a menina, ido embora fugindo de casa? Fora raptada? Levada por mendigos para aumentar o número de pedintes? Não se sabe ao certo o que aconteceu. O fato é que hoje pela manhã fomos informados que a pequena Sibele havia sido encontrada morta e seu corpo fora deixado próximo a sua residência, em uma área de canavial. 

Coincidência ou não, relação entre os casos ou não, mas no mesmo dia em que a pequena sumiu, outra menina, de nove anos, sofreu um estupro e foi abandonada pelo criminoso em um local próximo ao de onde o corpo de Sibele foi encontrado.  Agora é preciso um trabalho de empenho da polícia para que este crime bárbaro possa ser solucionado. Sibele não terá mais a vida dela de volta, mas é preciso por em prática ações que coíbam este tipo de crime, que a justiça seja feita, que não seja apenas mais um número para as estatísticas, que não seja mais uma família a sofrer a perda de um ente querido e ficar por isso mesmo.  

Algo precisa ser feito e com urgência. A sociedade está cansada. Talvez estejamos, de fato, caminhando para uma barbárie. É preciso mudar a situação. Investir em educação, saúde, segurança pública, emprego. Ou do contrário quantas Sibeles, Bárbaras, Robertas precisarão morrer para que se perceba que a chaga que atinge a sociedade é o fato de fecharmos os olhos para os problemas mútuos e pensarmos somente no nosso próprio bem?   

Desejo, como disse anteriormente, que algo seja feito. Que a polícia trabalhe incansavelmente na busca pelo responsável por esta barbaridade. Que o culpado seja responsabilizado e pague pelos seus atos. Ninguém tem o direito sobre a vida do outro, muito menos de acabar com ela. Quantos sonhos essa menina não deveria ter, vontade de mudar de vida, de estudar, de vencer desafios, tudo abortado por um assassino frio e que, no mínimo, por saber do histórico das resoluções de crimes no nosso estado, imagina que vá ficar impune.
Eu acredito no contrário...


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sexta-feira, 28 de setembro de 2012

A máquina do futuro



Não será preciso entrar em uma grande engenhoca, apertar diversos botões e começar o processo de “viagem” de teletransporte até o futuro. É uma máquina simples, sem nenhum designer arrojado; com números, três botões (laranja, branco e verde) e uma tela. Pronto! Esta é a invenção responsável pelo nosso futuro. Simples, fácil de usar e o melhor é que os operadores da máquina e responsáveis pelo resultado da “viagem” somos nós.

Imagem do Google
Faltam nove dias para a eleição. No dia sete de outubro, primeiro domingo do mês, nós, brasileiros, vamos nos dirigir até as seções eleitorais e exercer nosso papel de cidadão. O poder não está com eles, pelo menos por enquanto. A decisão de quem serão os gestores municipais pelos próximos quatro anos é nossa.

E será que estamos preparados? Um voto para vereador, outro para prefeito e vice. Muitos candidatos pleiteiam as vagas. Para as de vereador muito mais que para a disputa de quem vai ocupar o poder executivo municipal. A escolha não é fácil. O cardápio, de opções que realmente valem a pena, não é variado. 

O horário eleitoral, antes detestado por adultos e crianças que saiam da frente da TV porque não tinham paciência para assistir ao programa, hoje atraia crianças, adultos e jovens. Não é pelas propostas dos candidatos, longe disso. É por saber que os trinta minutos poderão render boas gargalhadas. Irônico! O tempo deveria ser aproveitado unicamente para a exposição de ideias e de planos pretendidos. 

Um número expressivo dos que disputam uma vaga na câmara de vereadores aparece na telinha para fazer graça, contar piada, divertir. Mas propostas que valham a pena, nenhuma.  E aí o cardápio que já não é variado fica quase como o de churrascaria depois das 16 horas. Tem que procurar muito para poder encontrar, em meio a tanto resto, algo que não provoque indigestão. E, se a escolha for errada, neste caso, o dano só poderá ser reparado, talvez, daqui a quatro anos. 

Ainda dá tempo. Existem opções. Poucas, mas existem. É hora de pensar na coletividade. Chega de pensar nos ganhos individuais. Temos que dar um basta aos privilégios particulares, as trocas de favores. Pensar além, pensar no próximo. A tarefa não é fácil, mas é possível. Se não pensarmos assim vamos estar longe de vivermos a tal independência proclamada. Ainda somos reféns dos grandes coronéis e os “currais” eleitorais prevalecem. Hora da mudança. O futuro é agora!

Espero que a máquina do futuro seja usada com responsabilidade daqui a nove dias. Que não seja uma “viagem” sem volta. Tenho fé que a mudança é possível. Aos poucos vejo que “o povo, foge da ignorância apesar de viver tão perto dela e sonham com melhores, tempos idos. Contemplam essa vida. Numa cela esperam nova possibilidade de verem esse mundo se acabar”. Que o FIM do voto seja o COMEÇO da mudança. 

quarta-feira, 26 de setembro de 2012

Ônibus nosso de cada dia...


Imagem do google
Só quem precisa, ou um dia precisou, usar o transporte coletivo de Maceió ao menos uma vez na vida, em horário de pico, vai poder ser testemunha do que escrevo e compartilhar das mesmas indignações e problemas. 

Não dá para falar de ônibus na capital alagoana sem falar de trânsito. Aí o sapato aperta, literalmente, com as pisadas que levamos dentro do veículo.  Quem só tem a opção do ônibus para se deslocar dentro da cidade enfrenta diariamente uma série de situações que causam estresse e um desgaste físico e mental enorme, além do desrespeito por parte de funcionários que não sabem tratar os passageiros e do valor abusivo de pagamento por um serviço de péssima qualidade.  

Erra quem faz promessa aos santos com grandes sacrifícios. Esperar no ponto de ônibus, por muitos minutos e até horas, depois entrar em um onde você descobre que dois corpos podem sim ocupar o mesmo lugar já é penitência suficiente para abater uma boa quantidade de pecados.   

Primeiro você se desespera, pois após esperar longos trinta ou quarenta minutos, parece que o ônibus desistiu de passar e você vai chegar atrasado ao trabalho, à faculdade, ao médico... se chegar. 

Mas eis que surge uma esperança, uma luz no fim do túnel, ou neste caso um ônibus na pista. Sorriso e pensamento positivo: ele vai está vazio. Mero engano. Mas qual a outra opção? Perder mais tempo, sentando em um abrigo desconfortável, desprotegido e exposto a sol ou à chuva? De jeito nenhum. A saída é subir no “busão” e descobrir como vive uma sardinha na lata. Mas se só fosse uma. O caso é que são várias para uma lata só, e em muitos casos a lata está velha.  

Para a viagem que está longe de ser a melhor ficar ainda pior basta qualquer bicicleta caída na pista, um carro quebrado, uma carreta parada em uma das mãos ou no pior das hipóteses um acidente. Situações suficiente para deixar o trânsito que já flui a passos de tartaruga, andar como os de bicho-preguiça. 

E tome mais tempo perdido. As pessoas começam a reclamar e não veem solução para o problema. O resultado é um bando de gente mal humorada, que se estressa nas primeiras horas da manhã, perdem a paciência por qualquer coisa e aí é só apelar para os santos (quem sabe eles se sensibilizam e rogam por os pobres pecadores)... Esperar, esperar e esperar até vencer mais um desafio que é descer do ônibus. Se “no meio do caminho tinha uma pedra” dentro dos ônibus têm os passageiros. “Licença, licença.” “Pode passar, aperta que consegue”...

Trajeto feito. Horas perdidas. Longo dia pela frente. Ah! E se engana quem pensa que a volta para a casa vai ser de outra maneira. A sina é uma só. Ônibus de novo e mais uma vez e por um bom tempo. 

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segunda-feira, 24 de setembro de 2012

Uma dívida que não e nossa...


Não sei quando é que as autoridades do meu estado vão perceber que Educação é algo para ser tratado como prioridade aqui, e em todo e qualquer lugar do mundo. Mas na terra dos Marechais e de tantas outras figuras ilustres, ela parece está esquecida, ou pelo menos dorme um sono profundo. 

A educação que deveria motivar e levar milhares de crianças, jovens e adultos apara as salas de aula em busca do conhecimento não tem cumprido seu papel. Quer dizer, não têm feito com que ela cumpra. São muitos os motivos. É prédio que corre o risco de desabar, é merenda que falta na hora do recreio, é professor desmotivado por não vê investimento em capacitação nem aumento de salário, é ano letivo que nem começou...

Mas para que educar? É melhor ter um bando de ignorantes porque fica mais fácil ludibriar e convencer com um discurso bonito, cheio de pompas e repleto de promessas, que queira Deus, um dia, quem sabe sejam cumpridas. A duras penas, mas sejam.

Não é interessante a educação sistemática para os governantes. Não é bom ter cidadãos capazes de “meter o dedo na ferida” e buscar respostas para os males que afligem o cotidiano. O bom é ter pessoas que, cabisbaixas, respondam o que eles querem ouvir. É interessante contar com o apoio do povo, do povo analfabeto que não teve a chance de passar horas e horas do dia numa sala de aula e descobrir a magia e o encanto que só a Educação é capaz de proporcionar.  

Ah, Alagoas! Estado que um dia ei de me orgulhar de verdade e desejar ter a chance de mostrar as gerações futuras que algo foi feito por elas. A história precisa mudar. A Educação precisa ter voz e vez. Que possamos, todos nós, nos indignar com os rumos que estamos sendo conduzidos, para que assim, quem sabe, em um grito uníssono de revolta possamos ser atendidos e nossas preces sejam ouvidas.

Já chega de tratar com indiferença o que é essencial. Não basta o que está sendo feito. Perdeu-se tempo demais sem se fazer nada. Agora é hora de correr contra o tempo, e com qualidade, investir nos alagoanos que tanto sofrem e merecem viver dias melhores. Ninguém pode pagar por uma dívida que quem adquiriu não fomos nós...

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Jornalismo... Por quê?



Quem nunca deve ter ouvido a famosa pergunta: o que você quer ser quando crescer? Esta talvez seja uma das mais feitas a todos nós, ainda, quando somos crianças. As respostas variam sempre. E muitas vezes ela só é tida depois de muito tempo que passamos da fase das brincadeiras, da pouca responsabilidade. 

O tempo passa (ultimamente ele parece está voando) e a resposta a tal pergunta precisa ser dada. Não são poucos os casos que a decisão só é tomada na hora de assinalar, no formulário de inscrição do vestibular, o curso que pretende fazer. E é aí, neste exato momento, por convicção, ou por outros motivos, que se começa a ser traçado o futuro, tão incerto, para a vida profissional. 

Imagem do site http://jornalismo.ufms.br
Comigo, em partes não foi diferente. Não passei ileso à famosa indagação. Mas sempre soube a resposta. E ela está na própria pergunta que intitula este post. Jornalismo, sim! Jornalismo porque foi o que sonhei fazer, o que decidi que queria para a minha vida. Foi a profissão que me encantou e que fez brilhar os olhos quando eu soube que teria que "decidir" meu futuro. Jornalismo porque é ele quem vai me sustentar, porque é com ele que eu vou deixar minha marca na sociedade. 

E aqui se encaixa perfeitamente uma descrição feita por Gabriel García Marquez: “Porque o jornalismo é uma paixão insaciável que só se pode digerir e humanizar mediante a confrontação descarnada com a realidade. Quem não sofreu essa servidão que se alimenta dos imprevistos da vida, não pode imaginá-la. Quem não viveu a palpitação sobrenatural da notícia, o orgasmo do furo, a demolição moral do fracasso, não pode sequer conceber o que são. Ninguém que não tenha nascido para isso e esteja disposto a viver só para isso poderia persistir numa profissão tão incompreensível e voraz, cuja obra termina depois de cada notícia, como se fora para sempre, mas que não concede um instante de paz enquanto não torna a começar com mais ardor do que nunca no minuto seguinte”. 

“Ninguém que não tenha nascido para isso e esteja disposto a viver só para isso poderia persistir numa profissão tão incompreensível e voraz...” Sem mais delongas, é isso, nasci para isso e vou ser feliz com o tão incompreensível e voraz jornalismo. A motivação para o post foi uma pergunta feita por um colega, durante o almoço de hoje. “E aí, você já decidiu se vai continuar mesmo no jornalismo?” Resposta dada!

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